Técnica Reprodução Dendrobates -Uma das grandes metas de quem mantém Dendrobates é a sua criação, meta essa que nem sempre é fácil de alcançar.



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Criação de Dendrobates auratus

por Jose Pedro

Uma das grandes metas de quem mantém Dendrobates é a sua criação, meta essa que nem sempre é fácil de alcançar.
Depende de muitos factores, como humidade, temperatura e comida.
Para se induzir a criação destes animais, é necessário que os níveis de humidade rondem os 90-95%.
A temperatura deve rondar os 26ºC.
Além destes factores importantes, aquele que para mim é de mais importância, é sem dúvida alguma o alimento.
Quando consegui a postura das minhas auratus azuis, alimentava-as em abundância, 1 vez por dia, mas dava muita quantidade de alimento. Mesmo sobrando moscas do dia anterior (o que era raro) voltava a fornecer mais alimento.
Galleria, tribolium, drosophila, foi a alimentação que deu às rãs durante semanas, falhando apenas um dia esporadicamente.
O terrário foi borrifado 2 vezes por dia, 1 de manhã (perto das 7H30) e outra ao final do dia (cerca das 22H). A rega da noite foi sempre feita após ter verificado se a maioria do alimento já tinha sido comido.

O terrário onde as mantenho, tem uma metade de um coco, com uma placa de Petri a servir de fundo.
Sempre que o terrário era borrifado, tive o cuidado de deitar água na placa de Petri.
Passadas umas 3 semanas deste procedimento, este foi o resultado:




13 ovos férteis.
Os ovos foram postos, dentro da metade de coco, na placa de Petri. Cada ovo está envolvido numa massa gelatinosa que o protege da desidratação e outras agressões exteriores.
Assim que encontrei a postura decidi retirá-la de imediato, não tendo muita esperança neles, pois era a primeira postura que tinha das rãs.
Mantive a postura na placa de Petri, tendo apenas o cuidado de a manter sempre húmida. Para isso adicionava diariamente água de osmose, até o nível de água dar pela metade dos ovos, não os deixando nunca a flutuar.
Limpei diariamente até conseguir eliminar toda a sujidade que a placa tinha de início.
Passado dois dias, um dos ovos desintegrou-se completamente, pelo que apenas tive o cuidado de eliminar os vestígios dele de dentro da placa.

No dia seguinte a ter retirado a postura do terrario, os ovos começaram a esbranquiçar na zona mais perto do fundo da placa e a ficarem mais claros. De Preto começaram a ficar cinzentos, o que me começou a deixar preocupado, pois todas as fotos de posturas que tinha visto, os ovos mantinham-se pretos durante todo o desenvolvimento.


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Passados mais uns dias, os ovos adquiriram tipo um botão branco e aqui foi quando comecei a ter realmente receio que toda a postura se estivesse estragado, pois toda a gente me dizia, que os ovos deveriam estar sempre pretos, mas que aguardasse.
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Esperei durante uns dias, não sei precisar quantos, mas depois os avanços começaram a ser notórios nos ovos.
Começou a notar-se tipo uma invaginação no ovo.
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Depois a invaginação, começa a virar para fora, formando um cordão ao longo de metade do ovo. Daqui formar-se-à a coluna do girino.

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Numa das pontas começa a formar-se a cabeça.

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Os desenvolvimentos são notórios diariamente. A evolução é rápida a partir desta data. A cabeça torna-se definida e o resto do ovo começa a formar a zona ventral do girino.

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Inicialmente têm as brânquias exteriores, as quais são apenas pequenos capilares (parecem fios de linha).

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Mais tarde são absorvidos e desenvolvem-se guelras e o girino está completamente formado dentro da gelatina.
Passados uns diazinhos, os girinos começam a romper a gelatina e nadam livremente.
Conforme vão nascendo vou-os separando, em caixas individuais, pois o canibalismo é muito frequente, por isso convém que sejam criados individualmente.

Nesta fase alimento-os com um pó usado em aquariofilia, para alimentar alevins (Será Mícron). Este pó é administrado uma vez por dia e no dia seguinte é feita uma mudança de água e administrado mais alimento. Este procedimento levou-me algumas semanas.
Assim que começam a ficar notoriamente maiores, mudei a alimentação (após ter trocado umas ideias com outro criador) para flocos de peixes tropicais. Os girinos aceitam muito facilmente este alimento e é excelente e barato.
O procedimento da alimentação e mudanças de água mantém-se por quase 1 mês.
Depois começam a nascer as patas traseiras.

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E a partir daqui foi um instantinho.
Depois das patas traseiras formadas, crescem durante uns dias e começam a notar-se umas protuberâncias de onde emergirão as patas dianteiras.
Após a formação das patas dianteiras os girinos continuam a ser aquáticos.
A cauda começa a ser reabsorvida e começam a aparecer as cores, muito esbatidas e indefinidas, mas começam a aparecer.
Enquanto a cauda é absorvida, os girinos não se alimentam.
Passados dois dias ou 3 da formação das patas dianteiras, os girinos perdem a cauda e deixam a água.
Assim que os meus ganharam patas dianteiras, mudei-os para um recipiente maior e com muito pouca água, de modo a permitir que ao levantar a cabeça, ficassem com ela fora de água. Neste recipiente coloquei uma superfície para onde as rãs recém metamorfoseadas pudessem trepar caso quisessem. Nunca morreriam afogadas, pois o volume de água não o permitia.

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Depois da cauda absorvida mudei-as para um terrario de crescimento, improvidado.
O fundo é de húmus de terrario, coberto com musgo de esfagno, com uma tampa de um frasco a servir de lago (que encho diariamente) e um ou dois esconderijos para as rãs se sentirem mais seguras.
A alimentação é feita numa placa de Petri pequena, que encho de larvas de Tribolium de tamanho diminuto (1 a 2 mm).
Note-se que cada rã recém metamorfoseada tem cerca de 1.5cms.

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Normalmente dou alimento assim que o que está na caixa de Petri acabe, para ter a certeza, que o alimento foi realmente consumido.

Daqui para frente é o voltar ao ciclo de sempre.
Muita comida, humidade e temperatura e ter a sorte destes meninos um dia me darem também eles a alegria de uma postura excelente como foi a de onde eles nasceram.

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Por José Pedro Fortunato.

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