Serpente Não Peçonhenta é a serpente que
não produz veneno, ou que produz veneno mas não
dispõe de um aparato eficiente para inoculá-lo num
ser humano (cerca de 80% das espécies conhecidas).
Existem 2 gupos de serpentes não peçonhentas:
- as de dentição áglifa, que no Brasil
não representam perigo ao ser humano, são a
grande maioria. Todas as espécies das famílias
Aniliidae, Anomalepididae, Boidae,
Leptotyphlopidae, Tropidophiidae e
Typhlopidae, e mais da metade das espécies
da família Colubridae, são áglifas.
- as de dentição opistóglifa, que
possuem as glândulas de Duvernoy (produtoras de
veneno) conectadas a 2 dentes maiores que os
demais e com sulcos, representam cerca de 40%
das espécies da família Colubridae. Os
dentes inoculadores desse grupo ficam
posicionados na parte posterior da boca da
serpente, dificultando a injeção do veneno em
suas vítimas. Como esse aparato inoculador é
ineficiente e seu veneno quase nunca provoca
ação sistêmica no ser humano, elas são
consideradas não peçonhentas.
Estatísticas demonstram que 40% de todos os
acidentes ofídicos ocorridos no Brasil envolvem
serpentes não peçonhentas. Os acidentes mais comuns
são com os gêneros Helicops, Oxyrhopus,
Philodryas e Thamnodynastes.
Geralmente não há efeito sistêmico (incoagulação do
sangue, hematúria, mioglobinuria), como ocorre com
picadas de serpentes peçonhentas. Quase sempre os
efeitos são somente locais: dor, edema, equimose, e
às vezes hemorragia no local da mordida. Em casos
raros pode ocorrer dor, edema e equimose também em
locais distantes da picada. Como não há risco de
morte, as pessoas mordidas por serpentes não
peçonhentas não devem ser tratados com soro
antiofídico.
No entanto, alguns acidentes com serpentes da
família Colubridae causaram sintomas
importantes nas pessoas mordidas, que precisaram
receber algum tipo de tratamento médico.
Serpentes áglifas das espécies Xenodon severus
e Hydrodinastes gigas já provocaram acidentes
de importância médica, há relatos de acidentes ao
menos moderadamente graves com espécies opistóglifas
dos gêneros Boiruna, Clelia,
Elapomorphus, Erythrolampus, Oxybelis,
Phalotris e Philodryas, e até relatos
de acidentes graves com algumas espécies de
serpentes da família Colubridae, como
Elapomorphus quinquelineatus e Philodryas
olfersii
Consideramos oportuno chamar a atenção sobre o
assunto por dois motivos: para que as pessoas
procurem manter distância de qualquer tipo de
serpente, por precaução; e para que os médicos sejam
treinados a reconhecer os sintomas decorrentes de
picadas dos diferentes tipos de serpentes, para que
possam fazer um diagnóstico correto e decidir
acertadamente se devem aplicar ou não o soro
antiofídico no paciente (pois somente pessoas
picadas por serpentes peçonhentas devem ser tratadas
com soro antiofídico), e em caso positivo saibam
qual tipo de soro devem usar.
Fontes:
- Análise das atividades biológicas dos veneno
de Philodryas olfersii e P. patagoniensis,
Marisa M. T. da Rocha e Maria F. D. Furtado,
Instituto Butantan
- Contribuição ao estudo das glândulas das
serpentes aglyphas
Drs Vital Brazil e J. Vellard, Instituto
Butantan, 1926
- Envenomation by the neotropical colubrid
Boiruna maculata: a case report,
Santos-Costa, Maria Cristina dos; et al, Rev.
Inst. Med. Trop. S. Paulo, set 2000
- Human envenomation by the South American
opisthoglyph Clelia clelia plumbea
Pinto, R.N.L.; Silva, N.J.; Aird, S.D.
- Morfologia e histoquímica das glândulas de
Duvernoy e supralabial de seis espécies de
colubrídeos opistoglifodontes,
Serapicos, E. O.; Merusse, J. L. B., Papéis
Avulsos de Zoologia (São Paulo), 2006,
- Philodryas patagoniensis bite and local
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Nishioka, S.A. & Silveira, P.V.P. - Rev. Inst.
Med. trop. S. Paulo, 1994.
- Report of a bite by the South American
colubrid snake Philodryas olfersii latirostris,
Peixoto, M. E.; Céspedez, J. A.; Pascual, J. A.,
Acta Herpetológica, 2007
- Serpentes e acidentes ofídicos: um estudo
sobre erros conceituais em livros didáticos,
Sandrin, M. F; Puorto, G.; Nardi, R.,
Investigação em Ensino de Ciências, 2005
- Serpentes peçonhentas gondvânicas
permaneceram e se desenvolveram em grande
biodiversidade na América do Sul,
Thales De Lema, Revista da ADPPUCRS, dez 2003
- Venomous bites by nonvenomous snakes: an
annotated bibliography of colubrid envenomation,
Minton, S. A., 1990
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cuidados básicos..
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