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Orgãos Internos das Serpentes
Os órgãos internos das serpentes estão dispostos de modo a se adequarem ao formato cilíndrico e alongado de seus corpos. Durante sua evolução, as serpentes tiveram a disposição dos órgãos reorganizada e melhor adaptada a este formato. Com o reduzido espaço, os órgãos pares sofreram um deslocamento evolutivo: os órgãos do lado esquerdo ficaram menores e localizados posteriormente aos do lado direito.
Apesar disto, os processos de deglutição, digestão e respiração são dificultados pela falta de espaço, e podem levar o animal à morte por compressão de órgãos e artérias. A evolução natural alterou também os sistemas de alimentação e reprodução da serpente, buscando adaptá-la para alcançar menor consumo energético, uma vez que sua temperatura corporal depende da temperatura do meio ambiente.
Glote
A glote, extremidade da traquéia que permite a entrada de ar para os pulmões, também sofreu um deslocamento evolutivo nas serpentes. Localizada na porção anterior da cavidade bucal, na base da língua, e portanto mais à frente quando comparada à glote dos mamíferos, facilita a respiração da serpente enquanto ela se alimenta.
Pulmões
Cerca de 90% das serpentes (as mais evoluídas) apresentam o pulmão esquerdo atrofiado, e essas compensam a atrofia com o pulmão traqueal, uma extensão do pulmão direito que ajuda a serpente a respirar enquanto ela engole uma presa grande.
O pulmão direito é localizado na parte anterior do corpo, para evitar problemas de respiração e circulação quando a serpente se alimenta. Nas serpentes aquáticas o pulmão direito é bem maior, e sua parte inferior é modificada para possibilitar o controle de flutuação na água.
Coração
O coração das serpentes tem 3 câmaras em vez de 4, com 2 átrios e somente 1 ventrículo, parcialmente dividido, o que provoca a mistura do sangue arterial e oxigênio com sangue venoso e gás carbônico. Essa mistura empobrece a taxa de oxigênio livre no sangue, contribuindo para a baixa atividade física das serpentes.
Estômago
Devido ao formato fino e alongado das serpentes, o estômago delas é mais curto, não é enrolado, e sua posição é tal que ele não comprime outros órgãos quando está cheio de alimento e gases (devido à digestão). A digestão pode durar mais de 15 dias. É mais prático, e mais econômico em termos de gasto de energia, comer grandes quantidades em um só dia do que sair para caçar todos os dias e comer pouco. O suco gástrico da serpente é muito forte. Ela elimina pelas fezes somente fragmentos de ossos, dentes, e peças queratinizadas, como pêlos, penas, unhas, garras e cascos.
Bexiga
Não possuem bexiga. Expelem a urina, branca e cristalina, junto com as fezes, pela cloaca. A urina é pastosa, para que a serpente se mantenha hidratada, e tem grande concentração de ácido úrico.
Hemipênis
O macho possui testículos alongados e dois órgãos copulatórios chamados hemipênis, que não são visíveis externamente, pois normalmente ficam guardados dentro da cauda, invertidos. Durante o acasalamento somente um desses órgão é inflado.
O hemipênis é uma estrutura oca.
Às vezes apresenta somente uma separação no ápice, entre o lado esquerdo e o direito.
Outras vezes é bilobado (bifurcado).
© Otávio Marques
© Giuseppe Puorto
Essa estrutura é ornamentada por espinhos ou por ranhuras horizontais e protuberâncias, sendo a base dela mais lisa. Esses espinhos ou protuberâncias têm a função de manter a fêmea ligada ao macho durante a cópula.
O formato do hemipênis é específico de cada espécie. Por isso ele é importante na identificação das espécies, e a cópula só pode acontecer entre macho e fêmea da mesma espécie.
Ovários
As fêmeas geralmente possuem 2 ovários, sendo o direito mais anterior. Algumas espécies não possuem o ovário esquerdo.
No período anterior à reprodução o ovário apresenta um aglomerado de óvulos esféricos amarelo-esbranquiçados de diferentes tamanhos, indicando diferentes estágios de maturação.
Fontes:
Atlas Anatômico de Boa constrictor - Instituto Butantan
Gomes, N; Puorto, G.; Buononato, M. A.; Ribeiro, Ma F. M.
Site do Instituto Butantan - Museu Biológico
Giuseppe Puorto
Site do IBAMA - RAN
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